RT – The West is silent as Ukraine targets civilians in Donetsk using banned ‘butterfly’ mines

Original article: https://www.rt.com/russia/560020-donetsk-butterfly-mines-geneva-conventions/

RT

7 Aug, 2022

The West is silent as Ukraine targets civilians in Donetsk using banned ‘butterfly’ mines

O Ocidente fica em silêncio enquanto a Ucrânia ataca civis em Donetsk usando minas ‘borboleta’ proibidas

O uso de explosivos PFM-1 contra civis é proibido pelas Convenções de Genebra – mas evidentemente isso não está impedindo a Ucrânia de usá-los

Eva Bartlett is a Canadian independent journalist. She has spent years on the ground covering conflict zones in the Middle East, especially in Syria and Palestine (where she lived for nearly four years).

Image: Mine clearance on the central street of Donetsk. Prohibited anti personnel high-explosive (PFM-1) “Petal” mines have been dropped on the city during night-time raids. © RIA

Na noite de sábado, logo depois das 9 da noite, explosões estrondosas abalaram o centro de Donetsk(*). Pouco depois foi divulgado que a defesa aérea havia derrubado mísseis lançados pelos ucranianos que carregavam minas “Borboleta” (ou “Pétala”). Como cada um dos foguetes despachados pelos ucranianos porta 300 desses explosivos, o centro de Donetsk poderia literalmente ter-se tornado campo minado se os mísseis tivessem pousado com sucesso. 

(*) Donetsk – Cidade da República do Povo de Donetsk, às margens do Rio Kalmius. https://en.wikivoyage.org/wiki/Donetsk / Então há uma cidade chamada Donetsk e uma República chamada Donetsk, onde fica a cidade. N. do T.

Alertas na mídia social e no Telegram urgiram com os residentes para que ficassem dentro de casa, esperando que primeiro os Serviços de Emergência limpassem ruas e calçadas – o que começaram a fazer no decurso da noite. Nascido o dia, porém, número incontável dos minúsculos dispositivos ainda permanecia. Foram emitidos mais avisos para que as pessoas permanecessem em casa – melhor atrasar-se para o trabalho do que perder uma perna. Residentes que absolutamente precisassem sair foram aconselhados a olhar para o chão, evitar áreas gramadas e andar com extremo cuidado.

Image: © Eva Batlett

Embora a Ucrânia venha usando essas minas na Donbass há muitos meses, em dias recentes passaram a usá-las para atingir áreas povoadas de maneira intensa. De início foram selecionados para alvo os fustigados distritos de Kievskiy no norte, Kirovsky no sudoeste e Kuibyshevkiy no oeste. A partir da noite de sábado, porém, a Ucrânia passou a despejá-las no centro de Donetsk. 

E agora andar no centro da cidade é um pesadelo, que tive de aguentar para documentar o quanto essas minas estão espalhadas por aqui: em ruas centrais e walkways(*), perto de apartamentos, em parques…

(*) walkways – Walkway é passagem ou vereda para as pessoas caminharem. Amiúde são elevados em relação ao solo. Vereda para uso de pedestres, amiúde ajardinada/paisagística. Collins. / Passagem elevada a ligar diferentes partes de edifício ou vereda larga em parque ou jardim. Lexico powered by Oxford / walkway – Bing images e https://en.wikipedia.org/w/index.php?search=walkway&title=Special%3ASearch&go=Go&ns0=1

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Difícil de detectar, fácil de acionar

Vem-se a perceber que as ‘pétalas’ não só são muito disseminadas como muitas vezes difíceis de detectar /perceber – mesmo se sinalização de alerta tiver sido colocada bem ao lado delas. O fato de serem pequenas e de cor esmaecida faz com que se confundam com o ambiente e se a pessoa não estiver olhando atentamente para o lugar onde elas estejam poderá facilmente deixar de vê-las. 

À medida que a gente vai caminhando aprende a evitar quaisquer objetos que possam estar cobrindo uma mina, e a pisar só em ruas ou calçadas expostas/vazias. 

O primeiro punhado de minas que vi estava dentro de círculo traçado com giz e com triângulo de sinalização colocado na frente para evitar que carros passassem por cima delas ou pessoas pisassem nelas. Isso numa rua central de Donetsk, área residencial com lojas e parque próximos. A área inteira estava eivada de ‘pétalas’. Sapadores da República do Povo de Donetsk – DPR trabalhavam metodicamente, limpando área por área. Como porém centenas de minas foram despejadas por toda a cidade, o trabalho tem de ser meticuloso/é sofrido/é penoso.

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Perto de alguns prédios de apartamento foram encontradas numerosas minas, e colocados sinais de alerta: “perigo, minas” ao lado do minúsculo explosivo circundado com giz ou pneu ou o que estivesse à mão para chamar a atenção para aquela presença.

Image: Warning sign saying “Caution, mines!” placed next to some “butterfly” mines in Donetsk © Eva Batlett

Em muitas ocasiões, contudo, mesmo olhando para a área caracterizada como tendo mina levei bom tempo para realmente vê-la. Agora imaginemos se não houvesse sinalização nenhuma … banho de sangue para civis, e para animais também, visto que não é preciso muito peso para detoná-las.

Rudimentos acerca da mina borboleta

Com tamanho aproximadamente de isqueiro de tamanho médio, as ‘pétalas’ são pequenas porém ainda assim muito potentes. Clipe compartilhado no Telegram ilustra isso: Soldado joga pneu contra uma das minas, e o pneu é arremessado no ar com a explosão. Não é preciso ter imaginação privilegiada para avaliar o que aconteceria se pessoa pisasse numa das minas. Os explosivos são colocados via métodos de disseminação remota – podem ser espalhados por meio de morteiro, míssil ou artilharia, ou jogados de helicópteros e aviões.

De acordo com os serviços de Emergência da DPR a Ucrânia está usando foguetes Hurricane a partir de lançadores MLRS para espalhar as minas. Cada foguete porta 12 cluster munitions(*), cada cluster tem 26 minas dentro dele. Então cada bomba tem 312 minas. O cluster explode no ar, disseminando as minas amplamente, as quais se espalham em diferentes direções. Seu design/desenho em forma de borboleta(**) faz com que possam deslizar e aterrissar sem explodir, usualmente. Elas então quedam à espera de alguém com a má sorte de pisar nelas.

(*) https://en.wikipedia.org/wiki/Cluster_munition ‘Cluster munition {munição de cacho} é explosivo lançado do ar ou do solo o qual libera ou ejeta submunições menores. Há vários tipos de cluster munition.’

(**) https://www.forgottenhistory.me/new-blog/soviet-child-mines Imagino que no próximo golpe no Brasil a resistência ao golpe poderá utilizar com sucesso esse tipo de armamento em áreas densamente povoadas. Imagino que o maior problema seria obter lançadores, mas talvez na dark net seja possível comprar lançadores simples, até pelo fato de armas destinadas à Ucrânia estarem, diz-se, sendo desviadas para o mercado paralelo. E se a ideia dos patriotas revolucionários for correta, isto é, a de que os contrarrevolucionários são pessoas desnaturadas, o aspecto moral sequer seria objeto de cogitação. E se golpes periódicos são inevitáveis no Brasil – até porque plausivelmente os revolucionários, capitalistas, nunca admitirão a ascensão dos comunistas chineses e cedo ou tarde terão de interferir para impedir a influência da China no Brasil, levando à câmara de tortura os simpatizantes do comunismo ou mesmo dos chineses – a utilização dos pequenos explosivos pela resistência seria bastante provável, até como represália à tortura, ao assassínio e à ocultação de cadáver por parte do estado revolucionário. E, dado o precedente representado pelo Atentado do Riocentro, não seria talvez difícil para os contrarrevolucionários/subversivos orquestrarem operação de bandeira falsa, fazendo parecer que o ato perpetrado é de autoria dos patriotas revolucionários. Não tenho conhecimento, porém, de o país estar-se preparando para essa eventualidade, mediante providências diversas como, por exemplo, a compra de maiores quantidades de cadeiras de rodas, bengalas etc. N. do T.

Algumas dessas minas anti-personnel(*) têm temporizador de autodestruição. Outras, inclusive aquelas que a Ucrânia está lançando, têm shelf life(**) de anos. Praticamente não causam dano a veículos militares e, nessa medida, seu uso na Donbass é insidioso – visando deliberadamente civis, a fim de deixá-los mutilados.

(*) anti-personnel – Armamentos, especialmente bombas, anti-personnel são projetados para matar ou ferir pessoas, em vez de danificar prédios ou equipamentos. Lexico

(**) shelf life – O período de tempo pelo qual item permanece utilizável, adequado para consumo, ou vendável. ‘A shelf life de massa fresca.’ ‘A nova estratégia terá sorte se conseguir shelf life de alguns meses.’ ‘Se você colocar no freezer acrescentará um ano de shelf life.’ Lexico

Em 30 de julho, em distrito operário/de pessoas da classe trabalhadora densamente povoado na parte oeste de Donetsk, em campo com garden plots(*) para os residentes em apartamentos próximos, vi as mesmas traiçoeiras minas. Originalmente espalhadas, haviam sido coletadas e esperavam destruição pelos Serviços de Emergência da DPR.

(*) garden plots – Terreno de garden. Garden, em inglês britânico, é terreno perto de casa, com flores, verduras/leguminosas, outras plantas e amiúde grama. Em inglês estadunidense a palavra usual para isso é yard, e garden refere-se apenas a terra usada para flores e verduras/leguminosas. Collins / https://backyardsidekick.com/how-to-build-a-garden-plot-a-step-by-step-guide/

No grande courtyard(*) de um dos complexos de apartamentos vi, de distância segura, os Serviços de Emergência detonarem com temporizador oito minas que haviam encontrado nas imediações. No dia anterior haviam destruído 26. Outras 150 foram identificadas e destruídas por meio de uso de minesweeper(**) controlado por rádio. Há porém ainda muito por ser feito para restaurar a segurança das ruas e courtyards.

(*) courtyard – Área descoberta de terreno cercada por prédios ou muros. Collins / https://en.wikipedia.org/wiki/Courtyard

(**) minesweeper – Navio ou avião equipado para detectar e remover ou destruir minas explosivas. Collins / https://pt.wikipedia.org/wiki/Navio_de_guerra_de_minas

Como as minas foram espalhadas na noite de sábado, o Escritório de Representação da DPR no JCCC(*) elaborou mapa interativo mostrando as áreas mais contaminadas pelas minas, alertando os residentes quanto a que áreas evitarem ao andar ou guiar. Embora alguns carros tenham tido a sorte de sofrer apenas estouro de pneu, se a mina detonar perto do tanque de gasolina o veículo inteiro poderá explodir.

(*) https://en.wikipedia.org/wiki/Joint_Centre_of_Control_and_Coordination

Muitos civis já foram mortos pelas minas, visto elas terem sido espalhadas por toda a Donetsk e, neste momento mesmo, civis feridos ainda estão chegando aos hospitais da cidade. De acordo com Vadim Onoprienko, diretor adjunto de centro de cirurgia de trauma, na semana passada foram efetuadas dez amputações – vítimas das minas de sábado e de outras lançadas anteriormente; uma das vítimas foi homem de 83 anos.

Toda a evidência aponta para a Ucrânia

Não é de surpreender, os comentaristas favoráveis à Ucrânia estão culpando a Rússia. Jornalistas que afirmam importar-se com os civis estão perpetuando a propaganda ucraniana dizendo que as forças de Moscou estão espalhando as minas por áreas civis, apesar do fato de aqueles territórios serem controlados por aliados da Rússia. Entre tais comentaristas conta-se o herói de guerra Malcolm Nance, que temporariamente abandonou suas atividades como notório analista antirRússia do MSNBC para aparentemente concretamente combater os russos na Ucrânia.

Esse é o tipo de projeção que vi ad nauseam quando fiz reportagem na Síria e lidei com a propaganda do Ocidente lá. Os nacionalistas ucranianos admitem abertamente que não veem o povo da Donbass como constituído de seres humanos e estimulam o assassínio dele. A Ucrânia tem estado a matar e mutilar civis nas Repúblicas do Povo de Donetsk e Lugansk por mais de oito anos, inclusive por meio do lançamento de cluster munitions/bombas de fragmentação no centro de cidades, visando hospitais, mercados, escolas e ruas movimentadas. Diante de tudo isso, a disseminação de minas borboleta em Donetsk é dificilmente surpreendente. É criminoso, mas não surpreende.

Um dos argumentos usados por comentadores pró-Ucrânia é que Kiev tem estado a destruir essas minas com base na Anti-Personnel Mine Ban Convention,(*) que o país assinou em 1999. Todavia, dos seis milhões das minas da espécie que a Ucrânia declarou inicialmente possuir apenas dois milhões teriam sido destruídos até 2018. 

(*) https://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Ottawa

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A Ucrânia tem boas razões para acreditar que não será responsabilizada por usar as minas contra civis, dada a propensão de seus apoiadores e aliados do Ocidente de usarem armas proibidas para atingir civis sem que haja repercussões – inclusive o Agente Laranja no Vietnã, o urânio empobrecido em Iraque e Síria, e fósforo branco e dart bombs(*) em Gaza.

(*) https://pt.wikipedia.org/wiki/Flechette

O fato de a mídia do Ocidente fazer vista grossa é também trunfo para Kiev.

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